Governo Bolsonaro: entre o amadorismo administrativo e as incertezas do cenário pós-pandemia
O
Brasil continua sendo o paraíso dos adeptos do capitalismo de compadrio. Muitos
de nós se iludiu com a eleição de Jair Bolsonaro (Sem partido) e sua suposta
agenda liberal-conservadora (liberal na economia e conservadora em termos de
política e cultura), mas o que vimos desde o início do seu governo, foi um
festival de amadorismo, caudilhismo que em nada se relaciona com um legítimo
governo liberal-conservador, o qual prima pelas liberdades e busca reduzir o
aparato estatal para que, diminuindo o peso do Estado, o indivíduo possa
ter melhores condições de empreender.
Há
mais de um ano e meio eu escrevi neste site um artigo no qual argumentava, que
faltava ao governo Bolsonaro, uma postura mais clara em relação à sua
política econômica, pois, me parecia já naquela época, que o ministro da
economia, Paulo Guedes, não estava dando ao mercado, os sinais de que o
país entraria numa nova fase, a saber, de uma abertura econômica calcada nas
grandes reformas estruturantes (da previdência, tributária, administrativa,
etc.). Naquele texto, entre outras coisas, destaquei a importância das expectativas
racionais, as quais foram brilhantemente expostas, pelo economista
estadunidense, Robert Lucas Jr e que são as molas propulsoras,
que fazem com que os agentes do mercado atuem com intensidade sobre a realidade
e com isto, alocam-se de forma mais eficiente os recursos materiais e humanos,
tornando a economia mais dinâmica.
Apesar
de ter sido aprovada a reforma da previdência, ela foi descaracterizada,
ou seja, não representou o texto que vinha sendo anunciado, ficando de fora,
por exemplo, o sistema de capitalização, o qual seria um marco
importante de mudança no sistema previdenciário pátrio.
A não
aprovação do sistema de capitalização, embora mereça críticas, está
longe de ser o maior problema do governo de Jair Bolsonaro, pois, mesmo
não sendo a reforma ideal, o fato de termos aprovado mudanças na previdência
social que trarão uma melhoria no déficit do país, já foi um avanço,
pois, pior seria se não tivesse sido aprovada a referida reforma, como ocorrera
no Governo do Ex-presidente Michel Temer (MDB) que embora tenha
colocado em discussão o tema, não conseguiu avançar.
Dito
isso, poderemos prosseguir na discussão que aqui se propõe e dessa forma
entender, que o maior problema que afeta o governo Bolsonaro,
tornando-o, em muitos aspectos, ineficiente e sem grandes avanços, seja na área
política, econômica, social, educacional e mesmo na segurança pública, área que
sempre foi o foco do discurso político do atual presidente da república, são um
conjunto de práticas amadoras de boa parte da sua equipe ministerial.
Como
exemplo, desse amadorismo, podemos citar os ministros que ocuparam o Ministério
da Educação (MEC) e Secretaria de Cultura (antigo ministério
da cultura). Em quase dois anos de governo, os ministros e secretários que atuaram
nestas duas importantes pastas, não entregaram nada de substancial, pois, lhes
faltaram os conhecimentos técnicos da máquina administrativa e a inteligência
emocional e estratégica, para lidar com ministérios altamente aparelhados pela
extrema-esquerda.
O
estranho dessa falta de estratégia é que o governo está repleto de militares,
sendo o próprio presidente e seu vice oriundos da caserna, o que nos leva a
crer, que foram péssimos militares ou que simplesmente não se importam com o
avanço do país e o legado que podem deixar à gerações futuras. Em ambos os
casos é algo lamentável, pois, o que se deve pontuar, para nossa tristeza, é
que o governo Bolsonaro não avançou nas grandes reformas.
O Ministério
do Meio Ambiente é também ocupado por uma figura inepta. Claro, sabemos que
existem muitos absurdos que precisam ser combatidos na questão da política
ambiental, porém, não se pode querer vencer um discurso falacioso, como o
pregado pelos defensores do xiismo ambiental, com lacração ou mitagens.
É preciso profissionalismo no enfrentamento da ideologia climática e,
certamente, Ricardo Salles, não tem estatura intelectual para tal.
É, portanto, fundamental que o ocupante da pasta que lida com o meio ambiente, detenha sólidos conhecimentos a respeito da área e da realidade brasileira como um todo, para que assim, possa dialogar com os agentes políticos e de mercado do mundo todo, pois, por conta de uma má gestão da narrativa ambiental, o país está sendo prejudicado na economia. Não duvidem se em breve começarmos a sofrer sanções internacionais pesadas. O candidato a presidente dos Estados Unidos, pelo partido Democrata, Joe Biden já nos ameaçou.
Esta ameaça,
certamente, não se cumprirá em tempo curto e nem devemos aceitar, pelo
contrário devemos condenar tal ameaça, porém, ainda assim, é importante o país
tomar medidas sólidas no sentido de buscar resolver os problemas ambientais
reais e de combater de forma eficiente a desinformação dos alarmistas do clima,
pois, as duas frentes precisam ser enfrentadas, ou seja, não podemos aceitar ingerência
de países na nossa soberania, mas ao mesmo tempo, não podemos fingir, que
problemas ambientais graves e que precisam de solução, não existem.
Ante a
tal questão não podemos admitir que um país tão importante como o Brasil
caia no amadorismo administrativo ou que os que ocupam os mais importantes
cargos no Executivo Federal, considerem estas áreas (ambiental, cultura
e educação) como menos importantes, pois, isso seria e é, um erro retumbante.
Estes
três setores são fundamentais para o desenvolvimento do país, não apenas por
serem áreas-chaves, mas, por terem um simbolismo político dentro e fora do país,
de maneira que, negligenciar estas áreas poderá nos trazer grandes problemas. Aliás
já está nos afetando muito.
Para
que a nossa economia melhore, tornando-se dinâmica e competitiva, é necessário
que se gere emprego. Não podemos aceitar mais números tão baixos nas taxas de
emprego. É claro, que com a pandemia do novo coronavírus, o cenário econômico,
do mercado de trabalho, por assim dizer, mudou bastante e temos que considerar
este fator que impactou a economia mundial, mas é importante destacar, no
entanto, que já antes da pandemia, o Brasil não vinha fazendo seu dever
de casa, ou seja, se o governo tivesse sido eficiente na condução das reformas
estruturante no ano passado, realizado as várias privatizações que se
esperava, certamente, as condições para a retomada do crescimento econômico estariam
bem melhores no cenário pós-pandemia.
Para
que o governo Bolsonaro de fato deixe um legado positivo na economia e
em diversos outros setores, é necessário abandonar as lacrações midiáticas
e colocar em funcionamento o profissionalismo político. Em outras
palavras: mudar a rota do que vem fazendo e buscar se alinhar com as boas práticas
administrativas, pois, do contrário será um governo sem grandes e significativos
avanços e pior, corre o risco de
acentuar ainda mais os graves problemas políticos, econômicos e sociais no país
o que, obviamente, ninguém deseja.
Por
fim, devo destacar que se o governo Bolsonaro insistir no amadorismo administrativo
tudo que teremos para o futuro no pós-pandemia, no melhor dos
cenários, é a incerteza e no pior, a certeza de que mais uma vez iremos
naufragar no abismo fiscal e gerar ainda mais pobreza nesta nação que
insiste em ser o país do futuro e nunca o do presente.
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