Governo Bolsonaro: a imperativa necessidade de clareza de sua política econômica


Fonte: ISTOÉ Independente.

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), iniciado no dia primeiro de janeiro do corrente ano, tem sido, marcado por momentos, digamos, bastante agitados, pois em um período de pouquíssimo tempo, dois de seus ministros de estado, lotados em pastas estratégicas para o país, caíram, são eles: Gustavo Bebiano (Secretária-geral da Presidência da República) e Ricardo Vélez Rodríguez (Ministério da Educação – MEC) e existem fortes rumores que o próximo a deixar a Esplanada dos Ministérios, será Ernesto Araújo (Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty) dado que, segundo seus críticos, a sua forma de atuação, um tanto heterodoxa para os padrões históricos da pasta, ser nociva à politica externa brasileira.
Quedas de ministros em governos não é alguma coisa que se possa considerar incomum, porém, esses dois casos se tornaram emblemáticos devido a grande esperança depositada no atual governo por uma parcela considerável da população, visto que, Jair Bolsonaro entrará para a história como o presidente eleito que foi literalmente escolhido pelo povo, posto que, sua campanha fora organizada, em grande medida, pelas redes sociais e com grandioso grau de espontaneidade por parte de seus apoiadores, de modo que, se gerou um efeito dominó e contagiou o país levando aquele que, em anos  atrás, ninguém apostaria ser eleito presidente da república, a não apenas ganhar a eleição, mas, sobretudo, desbancar um partido (PT) que já havia derrotado na última década todos os seus oponentes, que com certeza, pelo menos em teoria, eram mais fortes do que Bolsonaro e seu partido PSL.
A despeito de todas as controvérsias, de todo o falatório midiático, ocorrido nesses primeiros meses do governo Bolsonaro, o que realmente importa a ser discutido, nesse momento inicial do governo, são os grandes projetos que devem e precisam ser colocados em prática para que assim, o Brasil avance e saia efetivamente do marasmo econômico que se encontra. Nesse sentido, os leilões realizados pelo ministro Tarcísio Gomes de Freitas¹ (Ministério da Infraestrutura), bem como, a retomada de muitas obras que estavam paradas pelo país, falam por si só, como prova cabal da sua capacidade e excelência técnica no comando dessa importante pasta. Tarcísio Gomes tem provado que o Brasil precisa de trabalho e não de barulho. Esse é a meu ver o ministério mais produtivo do governo atual nesses cem dias, pois tem mostrado resultados efetivos, ou seja, zero polêmica e 100% trabalho.


Fonte: site, todosegundo.com.br

Portanto, considero que seja importante, para que o governo de fato avance propositivamente, discutir e apontar soluções para os grandes problemas da nação e para tanto, torna-se urgente que se indague de forma séria a seguinte questão: para onde caminha a política econômica do governo de Jair Bolsonaro representada pelo ministério da economia, o qual é comandado pelo liberal, Paulo Guedes? Tal indagação é relevante, pois em governos anteriores, notadamente, o de Dilma Rousseff, a política um tanto confusa eivada de intervenções conhecida como a “Nova Matriz econômica”², que tinha na figura de Guido Mantega (então ministro da fazenda) seu representante teórico e operacional, levou o país ao caos econômico com milhões de desempregados e afetações macroeconômicas que levaram o país a recessão. Vale ressaltar que na época que essa política desastrosa começou a ser implantada, uma ala considerável de economistas e articulistas dos meios de comunicação, não fizeram as críticas necessárias, pelo contrário, muitos ate saudaram-na como sendo algo inovador e positivo ao país dadas as condições favoráveis à época.
O controle fiscal deu a sustentação necessária à nova "matriz macroeconômica". Na avaliação do ministro, abriu espaço para menor rigidez no controle da inflação por meio da dosagem da taxa de juros, a Selic, e a uma política cambial mais ativa. A redução dos juros já é ponto pacífico e colocou por terra a certeza entre economistas de que o País não suportaria uma taxa de juro inferior a 9% porque a inflação retornaria a passos galopantes (ABREU, BEATRIZ - Estadão, 05 de julho de 2012).
Diante desse exemplo citado, que pode certamente nos levar a uma reflexão, fica evidente a necessidade de uma política séria e clara em seus objetivos a curto, médio e longo prazos para que além de não cometermos os mesmos erros, não venhamos a estagnar economicamente.
 Desta forma, é fundamental que o governo apresente suas metas e que estas sejam exequíveis de fato, pois assim, o mercado tenderá a reagir bem e os investimentos tanto de capital nacional como internacional, poderão tornar-se uma realidade.
Compreendo que não basta ao governo Bolsonaro se dizer liberal, mas que acima de tudo, ele apresente em teoria e ações efetivas, uma agenda liberal propositiva para o país, pois não se faz economia como se estivesse em um barco à deriva, economia funciona a partir daquilo que o economista estadunidense, da Universidade de Chicago (a mesma de Guedes) Robert Lucas, Jr³, propagara como sendo as “expectativas racionais”, as quais consistem em linhas gerais, em considerar que, os agentes econômicos agem a partir de certas análises e cálculos de possíveis cenários futuros, pautando-se pelas informações de quem dispõem, as quais são geradas pela realidade do mercado e de posse de dados que julgam favoráveis tendem a investir, da mesma forma, que diante de cenários possivelmente desfavoráveis, tendem a retrair investimentos, ou pelo menos, alocá-los a outros segmentos. 


Economista Robert Lucas, Jr (Fonte: FGV).

Por conta de tal perspectiva teórica ora elencada, torna-se fundamental e urgente, que  o governo, mediante seus instrumentos (Ministério da Economia, Banco Central, etc.) desenvolva ações no sentido de tornar o cenário, em termos de macroeconomia, favorável as possibilidades econômicas de novos investimentos e dinamismo da realidade econômica do país.
Compreendo que apenas se discutir a reforma da previdência (que sem dúvida alguma é fundamental) não seja suficiente. É fundamental que o ministro Paulo Guedes e sua equipe, com a liderança do presidente, Jair Bolsonaro, demonstrem ao país e ao mundo, que o Brasil pretende desenvolver ações claras no sentido de maior abertura econômica, dinamismo, segurança jurídica para os contratos firmados, melhoria na infraestrutura, enfrentamento da corrupção e um amplo programa de reformas que incluam a tributária, educacional, justiça, privatizações, com uma economia livre distante do viés ideológico (como o próprio presidente pregou na campanha) e do protecionismo ainda galopante, que teve na atitude recente do presidente no que tange a interferência na política de preços da Petrobrás, uma manifestação exata de quão nocivo é não se definir bem as diretrizes e as metas a serem alcançadas.


Palestra em Davos. (Fonte: G1: globo).

Creio que as medidas doravante referidas acima,  tendem a surtir efeitos no mercado e os investimentos certamente surjam, pois, o que se tem visto são empresas anunciando que pretendem deixar o país ou falindo – até mesmo a gráfica que prestava serviço ao MEC alegou falência o que é sem dúvida alguma, péssimo ao país e não apenas ao governo.


Fonte: R7.com.br 

É importante que o governo bote seu time em campo e comece a marcar os primeiros gols, pois, por enquanto, o jogo ainda está muito morno e confuso, tendo em vista que o país tem sofrido com o desemprego desde 2013 e os últimos números do IBGE não têm sido nada animadores posto que, segundo o instituto a taxa atual de desemprego subiu para 12,4%.
Por fim, torço para que o país volte à rota do crescimento, com prosperidade para todos os brasileiros, pois, afinal de contas, estamos num mesmo barco, não queremos que ele naufrague, de sorte que, desejo aos próximos cem dias, notícias alvissareiras de tal sorte que, os demais ministérios tenham bom desempenho, como tem sido verificado no Ministério da Infraestrutura, que como disse no início, é na minha modesta opinião, o que tem mais se saído bem.


Notas bibliográficas:

Nota 1. Ilha de excelência. Disponível em:< https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,ilha-de-excelencia,70002790460 > Acesso em: 14 de abril de 2019.

Nota 2. O trágico legado da "Nova Matriz Econômica" - um resumo cronológico. Disponível em:< https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2120 > Acesso em: 10 de Abril de 2019.

Nota 3. SIMONSEN, Mario Henrique. Expectativas racionais. Disponível em: < http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/bre/article/viewFile/3165/2061 >Acesso em: 10 de Abril de 2019.

ABREU, BEATRIZ. Mantega indica novo modelo econômico.O Estado de S.Paulo, BRASÍLIA,   05 de julho de 2012. Disponível em:<https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,mantega-indica-novo-modelo-economico-imp-,896017> Acesso em: 21 de março de 2019

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Desemprego sobe para 12,4% e população subutilizada é a maior desde 2012. Disponível em:< https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de noticias/noticias/24110-desemprego-sobe-para-12-4-e-populacao-subutilizada-e-a-maior-desde-2012> Acesso em: 13 de abril de 2019.


Entenda como a interferência de Bolsonaro na Petrobras abalou o governo. Disponível em: < https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2019/04/13/interna_politica,1046142/entenda-como-a-interferencia-de-bolsonaro-na-petrobras-abalou-o-govern.shtml>Aceso em: : 15 de abril de 2019.


Após queda de 8%, ação da Petrobras opera em alta de mais de 1%; Bolsa sobe. Disponível em: < https://economia.uol.com.br/cotacoes/noticias/redacao/2019/04/15/acoes-cotacoes-petrobras-operam.htm>LAcesso em: 15 de abril de 2019.

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